sexta-feira, 10 de agosto de 2012

"Não existe bronzeado seguro",


Agência FAPESP – Filtro solar não é uma opção eficaz? 
Stengel – Protetores solares são eficazes em bloquear a radiação, mas infelizmente não os usamos corretamente. Mesmo se você usar o melhor protetor solar do mercado, se o sol estiver forte e você começar a transpirar ou entrar na água e usar uma toalha, o produto vai sair. Além disso, muitos não estão dispostos a usar, porque o produto deixa a pele oleosa, brilhante e irrita os olhos. Isso é um grande fator limitante.
Agência FAPESP – Quais são os erros normalmente cometidos na hora de aplicar o filtro solar? 
Stengel – Usar uma quantidade inferior ao ideal é um dos piores erros. Os testes que permitem dizer se um produto tem fator de proteção solar (FPS) 50 são feitos com 2 miligramas do produto por centímetro quadrado (mg/cm²) de pele. Nos testes são usadas luvas especiais de borracha, com aplicações de forma gentil e uniforme. Por isso, não recomendo produtos com FPS menor do que 30. No Brasil, eu usaria 50. Além disso, muitos não reaplicam o produto após duas ou três horas de exposição, ou após entrar na água. Outro erro comum é o que eu chamo de coquetel. As mulheres, na Argentina, usam filtro com FPS 60 no rosto, 40 no colo e mãos e 2 nas pernas, pois querem se bronzear. Qual é o local mais comum de melanoma em mulheres? As pernas. Algumas áreas do nosso corpo são cronicamente expostas, como a face e as mãos. Mas a pele é a mesma em toda parte. O ideal seria que houvesse um agente sistêmico de proteção. Você toma uma cápsula de manhã e está protegido, mas isso ainda não existe, mesmo que alguns produtos à venda prometam isso.
Agência FAPESP – Existe bronzeado seguro? 
Stengel – Não, mas não devemos olhar o sol como um demônio. É uma questão de equilíbrio. A questão é quanto e com que frequência tomamos sol. As pessoas que moram em São Paulo podem pensar que precisam se proteger apenas no verão, mas isso é um grande erro. O solstício de verão é em 21 de dezembro, mas por aqui o sol começa a ficar forte em setembro e continua até abril. A fotoproteção deve ocorrer ao longo de todo o ano, mas deve aumentar nos meses que tem a letra “r” no nome. Isso deveria ser ensinado na escola, nas aulas de geografia. O esforço tem de ser integrado, mas há algo muito errado na forma como estamos nos comunicando. E quando as pessoas não querem ouvir fica ainda mais difícil. O culto ao bronzeado está em toda parte.
 
 Fonte: Agência FAPESP
 Entrevista na integra no http://agencia.fapesp.br/16012


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